Um chuveiro foi uma das melhores coisas que aconteceram pra mim este ano. Um chuveiro! Meu chuveiro antigo queimou no inicio do ano. Consegui passar um tempo tomando banho frio, mas chegou o inverno e precisei tomar banho no outro banheiro da casa. Todos os dias tinha que levar minha toalha e minhas roupas, com cuidado para não esquecer nada. Passei o ano inteiro lembrando ao meu noivo de procurar alguém para consertar o chuveiro quebrado, mas uma coisa e outra, fomos empurrando com a barriga até hoje. Finalmente consegui voltar para o meu banheiro no meu quarto, tudo limpo e com o jato forte, regulando a temperatura. Passei por tanta coisa este ano que a primeira coisa que passou pela minha cabeça quando senti os pingos fortes numa temperatura perfeita foi "obrigada Deus, isso foi a melhor coisa deste ano inteiro!". E, olha, sem exageros, mas foi mesmo.

Dia desses alguém no twitter convidou as pessoas a postarem algo de positivo deste ano, alguma conquista, algo bom que aconteceu com elas. Sinceramente, não consegui pensar em nada imediatamente e deixei o tweet passar sem responde-lo. Acho que isso ficou no meu subconsciente e, hoje, quando abri o chuveiro, a sensação foi tão boa que lembrei do tweet na hora. Agora estou tentando pensar em outras coisas boas para dizer, mas não consigo. Talvez precise deixar este mês chegar ao fim para ver se algo ainda poderá acontecer até lá. Ou talvez eu esteja cansada demais para conseguir catar na minha memória algo de bom em meio a tantas coisas ruins.

Eu sou daquelas pessoas que acha que as coisas ruins também representam aprendizado e devemos valoriza-las sempre. Porém, o que aconteceu este ano me deu uma perspectiva diferente. Uma reflexão sobre culpa e culpados. Muito do que fez 2019 ser sofrido para mim foi por causa de uma pessoa específica - e outras relacionadas a ela - que não facilitou a minha vida em nada. Muita gente que viveu isso comigo disse que não foi culpa minha, que eu estava fazendo tudo certo. Outros disseram que o modo como eu lidei com algumas situações tornou tudo mais sofrido pra mim.

O fato é que, no caso do chuveiro, a resolução do problema só dependia de mim - e da ajuda do meu noivo. No outro caso, eu vejo uma possível resolução para o problema dependendo da pessoa que o criou, e esta pessoa não fui eu. Logo, não caberia a mim resolve-lo. Não vejo a culpa como sendo minha - já que eu cumpri minhas obrigações. Eu só queria mesmo era que 2020 tivesse mais chuveiros, e menos culpa.

1 Comentários

  1. Oi, Uaba! Achei incidentalmente esse teu blog e prefiro me manter no anonimato :-), mas digamos que nos conhecemos de longa data.

    Tenho lido as últimas postagens e compartilho o mesmo barco de estarmos com 30+ anos e não termos ideia qual o propósito das nossas vidas. Vou além... imagine você morando distante da família e dos verdadeiros amigos, e sem saber as respostas pra essa mesma pergunta, e não tendo uma rede de suporte pra te ajudar nos momento difíceis.

    Recomendo você ler sobre estoicismo (https://www.amazon.com/Guide-Good-Life-Ancient-Stoic/dp/0195374614) pra te ajudar a ver a parte cheia do copo. Às vezes nos pegamos super tristes com as escolhas das nossas vidas, mas se a gente dar aquele passo pra trás e colocarmos tudo em contexto em relação ao resto do mundo, vamos perceber que de forma ou de outra somos bastante privilegiados por ainda termos uma família, lover e amigos pra confidenciarmos nossos problemas. É difícil reconhecer que a gente já está numa posição muito mais privilegiada que a maioria das pessoas (eu sempre me esqueço disso), mas um pequeno exercício de introspecção reforça essa ideia e o otimismo que tudo está bem, e o resto é problema de primeiro de mundo ;-).

    Desejo que você supere toda essa confusão, e pode contar com um amigo esquecido distante de longa data que está na mesma situação! :-)))

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