Acho que tive um ataque de pânico ontem. Bom, eu não conseguia respirar direito, chorei muito e tremia bastante. Não tinha ninguém em casa e o que consegui me forçar a fazer foi escovar os dentes e me deitar com meus cachorros junto de mim. Liguei o app de meditação e deixei o homem me guiar por um exercício de respiração, mas demorou um pouco para me acalmar, o coração não queria parar de palpitar de jeito nenhum.

Meu primeiro ataque de pânico foi na quinta série. Estava passando maus bocados com uma professora de história e geografia - matérias que eu amava - que fazia chamada oral e tinha fama de exigente demais. Perto das provas, acordei no meio da noite algumas vezes com uma tremedeira incontrolável, meu corpo não respondia a estímulo nenhum. Chamei minha mãe que ficou comigo me dando água e me abraçando até passar. Não sei se ela sabia o que eu estava passando, mas depois da segunda crise ela marcou uma cardiologista. Descobri uma arritmia cardíaca aos onze anos de idade. Era assintomática, mas mesmo assim fiz diversos exames para descobrir a causa e monitorar o coração. Aos dezoito ou vinte anos - não lembro direito - a arritmia simplesmente sumiu, não foi mais detectada.

Entretanto, no ano do vestibular, meus ataques de pânico voltaram fortes demais. Ficar sentada numa aula era a morte pra mim. Fiquei quatro anos me tratando com remédios, o danado do rivotril, e terapia com o psiquiatra. Não lembro muito bem desta época, estava sempre sonolenta. Só sei que, quando resolvi desistir da faculdade de arquitetura e voltar a cursar letras, parece que as coisas na minha vida voltaram a fazer sentido. Também tive um tratamento espiritual que ajudou bastante neste processo. Apenas segui minha vida e os ataques foram embora.

Uns dez anos depois, aqui estou eu, novamente, tremendo e chorando, achando que vou morrer. Eu sei bem o motivo desta vez (ou os motivos?): estou sendo aterrorizada por uma pessoa no trabalho e tenho uma dissertação para defender cujo prazo está esgotadíssimo. Meu organismo está claramente mandando sinais para a minha mente - e vice versa - de que não estou aguentando mais e preciso que este ano acabe e leve com ele tudo o que passei.

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