Normalmente novembro é um mês em que inicio alguma coisa, é um mês de renovação pra mim, e do meu aniversário, claro. Em 2011 - acho - deixei de tomar refrigerante. Em 2015, comecei a fazer exercícios físicos e a cuidar mais da minha alimentação. Em 2017, virei vegetariana e, desde então, sinto meu corpo mais leve, a textura da carne me fazia muito mal. Nos outros anos, também fiz outras coisas, mas essas foram as que mais me marcaram e impactaram minha vida de certa forma, pois me mostraram que eu sou capaz e tenho controle.

Logo, em 2019, porque estou sentindo minha vida num caos absoluto, preciso de alguma forma mostrar que consigo fazer algo por mim mesma. E, seguindo minha intuição, duas coisas me fazem falta e podem contribuir para o meu crescimento espiritual. A primeira, é voltar a meditar todos os dias. Tentei fazer isto há alguns anos, baixei um aplicativo para me ajudar com notificações e programas específicos, mas, com o início do ano letivo, acabei deixando de lado e senti bastante falta.

A segunda, é voltar a escrever como hobby. Tenho tentado terminar de escrever minha dissertação este ano - bom, preciso terminar agora em novembro - e tem sido bastante difícil. Uma das coisas que faltam em mim é disciplina. Sentar, abrir os livros e o computador e fazer minhas obrigações de forma regular e focada. Tenho sentido extrema dificuldade em fazer isso, pois minha rotina é louca, tem dias que trabalho de 7 da manhã às 8 da noite e tem dias da semana em que estou em casa sozinha o tempo todo. Logo, desenvolver hábitos é algo difícil e frustrante. Porém, preciso tentar.

Uma coisa que vai me ajudar neste segundo desafio é o NaNoWriMo - National Novel Writing Month - que é um mês onde escritores se juntam para escrever e publicar suas histórias de todos os tipos. Todos os dias, quem se propõe a enfrentar o desafio, precisa escrever um limite mínimo de palavras e registrar no site até completar 50,000 palavras no total, ou seja, praticamente um romance inteiro escrito em um mês. É claro que muitos começam meses antes, com planejamentos e preparações. Entretanto, vou seguir a linha freestyle: escrever o que vem na minha cabeça, coisas que aconteceram nos dias deste mês, algumas reflexões, continuar posts guardados como rascunhos, e até buscar prompts de outras pessoas para seguir.

Escrever quase 1,700 palavras por dia não vai ser fácil. Também não quer dizer que alguém vá realmente ler qualquer coisa que escreverei neste tempo - não guardo esta esperança, mas se alguém quiser ler, tá valendo. Vou precisar de muitos assuntos por dia, de recursos de escrita que com certeza ainda não tenho, estou falando de habilidades mesmo. Alguns dias, também, devo incluir o que escrever para minha dissertação. Lá, já tenho mais de 21 mil palavras escritas até agora no total, ou seja, umas 65 páginas de coisas que eu mesma escrevi, e acho que isto deve contar, pois está dentro do processo de escrita.

Hoje, no início do desafio, a proposta que dei a mim mesma foi essa: escrever sobre novembro, meus desafios já cumpridos e aqueles que pretendo enfrentar neste mês tão intenso. Uma última coisa precisa ser dita, que é sobre a frustração. E estes projetos podem realmente trazer grandes possibilidades de frustração, já que escrever 1,700 palavras por dia não é nada fácil, e readquirir o hábito da meditação também requer disciplina e tempo.

Até o ano de 2016 eu nunca tinha tido grandes baques na minha vida. Tinha um emprego estável, passei pela faculdade tranquilamente, me inscrevia em cursos, congressos, apresentava trabalhos sem medo algum. Também viajava sozinha para países cuja língua eu dominava pouco e desenrolava muito bem. Foi então que, em 2016, tive duas grandes frustrações, uma acadêmica, e outra profissional. A pessoa nunca pensa que uma escola vá preferir um funcionário sem qualificação a outro qualificado e que nunca apresentou problemas para a escola - empresa? - porém, não é bem assim. O capitalismo sempre vence e tudo o que for mais barato e der o mesmo lucro, a princípio, vai ser preferível. Já minha frustração acadêmica envolveu um grande investimento financeiro e o baque foi grande. Até hoje, não consegui reler o feedback que recebi na época e resolvi e encaro até hoje o fato como se tivesse havido certo preconceito por parte do avaliador. Não vou entrar em detalhes, pois sei a qualidade das aulas que dou e este curso era mera formalidade.

Tudo isso para dizer que, se eu não conseguir, tudo bem. A vida trará outros desafios, novos novembros virão, outras prioridades podem aparecer. Sinto uma grande vontade de aproveitar os momentos que tenho tido de solidão para evoluir e deixar de sentir como se um ano fosse um dia. De repente, o tempo passou e eu não quero mais ficar parada.

0 Comentários