Última parte do post sobre meus aniversários, na tentativa de entender melhor porque passei a não gostar mais de comemora-los. Até agora, percebi que meu aniversário de quinze anos foi um marco nisso tudo, mas hoje em dia nem me importo mais com ele. Afinal, já se passaram tantos outros dias mais ou menos bons e outros que nem me lembro mais.


Eu tenho poucas lembranças dos meus vinte e poucos anos, portanto, não sei dizer se houve algum aniversário mais marcante. Aos dezoito, lembro que fui com alguns amigos e meu namorado ao cinema ver algum filme e comprei um guarda-chuva da Hello Kitty que tenho até hoje. Depois deste, acho que só lembro mesmo de aniversários mais recentes, como os vinte e oito ou vinte e nove quando minha mãe fez uma surpresa pra mim chamando minhas duas únicas amigas pra minha casa sem eu saber.

Os trinta anos, aí sim, eu lembro bem porque não foi há muito tempo. Meus pais estavam viajando para Portugal no dia e eu recebi apenas uma ligação de vídeo do meu pai, pois minha mãe tinha saído para passear sozinha. Eu fui trabalhar de manhã e consegui escapar das pessoas do trabalho - ninguém sabia que era meu aniversário e eu também não fiz muita questão de contar. Coelho foi me buscar lá com Tereza e Pato - meus cachorros - no carro, os três de chapéu de festa. Voltamos para o sítio da minha sogra e ele tinha preparado um lanche pra mim com uma mesa fofa. Ele teve que trabalhar depois e me deixou em casa na cidade. Depois, minha avó me levou pra lanchar na nossa livraria preferida. Quando Coelho voltou do trabalho, fomos para o boliche e jogamos até cansar os dedos. Foi um ótimo dia, bem tranquilo e com a quantidade perfeita de diversão. Também foi o dia em que deixei de comer carne e me sinto muito bem com esta decisão até hoje. Porém, minha mãe só me mandou uma mensagem escrita e ficou por isso mesmo. Voltando de viagem, quem ganhou a festa foi meu pai, que faz aniversário dois dias depois de mim. Neste ano, meu irmão ganhou dois bolos de aniversário porque minha mãe "não conseguiu decidir". Sim, eu guardei rancor deste fato até hoje, mas levo na brincadeira. Eu sei que ele tomou as decisões na vida que agradaram mais a ela e não há nada mais que eu possa fazer para mudar este fato.

Ano passado, eu estava bem cansada no mês de novembro e nem consegui pensar em nada para fazer no dia do meu aniversário. Uns dois dias antes, minha família apareceu na minha casa com um almoço, presentes e passaram umas duas horinhas brincando com meus cachorros e conversando. Neste dia, eu perguntei à minha mãe se ela viria aqui em casa novamente na terça-feira, pois eu só trabalharia pela manhã. Ela disse que sim, que poderia sair mais cedo do trabalho e passar lá em casa. Assim chegou o dia e eu fui trabalhar de manhã e, desta vez, algumas pessoas descobriram e eu tive que abraçar algumas delas, mas tudo bem. Combinei com Coelho que ele pegaria salgadoces na padaria pra gente comer e fui pra casa. No meio da tarde, minha mãe ligou dizendo que não vinha mais. Ela precisava levar minha avó para cortar o cabelo. Coelho chegou um tempo depois com os salgadoces para os convidados que não apareceram. Claro que eu chorei. Para minha mãe, até hoje, isso não parece ter sido nada de mais, já que ela tinha ido me visitar no dia em que lhe era mais conveniente.

Este ano, resolvi apenas não convidar ninguém para evitar maiores frustrações. Moro muito longe e para muita gente não vale o esforço. Quando minha mãe perguntou o que eu faria no dia, simplesmente disse que eu ia trabalhar até tarde e que ela não precisava aparecer, pois eu não estava convidando ninguém, já que ela não tinha aparecido no ano anterior. Sim, posso guardar rancor, mas eu faço questão de que saibam porque estou chateada. Vida que segue. Fiquei doente três dias antes, não consegui me recuperar direito, mas, como era "só uma gripe", trabalhei o dia inteiro mesmo assim. No dia do meu aniversário, trabalhei de sete da manhã às oito e meia da noite, rouca, com sinusite, dor de cabeça e exausta. Recebi abraços de muita gente. Todos os meus alunos cantaram parabéns para mim. Em alguns momentos do dia, cheguei a ficar sozinha e só pensava em estar em casa com Coelho e meus cachorrinhos. Eu sei que fui muito forte neste dia, pois tentei com todas as minhas forças afastar os sintomas da gripe do meu corpo e sobreviver. Cheguei em casa e Coelho tinha feito uma decoração especial, comprado meu bolo favorito e os lanches mais gostosos. Eu só conseguia pensar em como sou grata por tê-lo em minha vida porque, no fim das contas, é ele quem faz meu dia ser especial. Ele se esforça de um jeito pra lembrar as coisas que eu gosto e me animar neste dia. Aproveitei as últimas horinhas que restavam do meu dia com eles, comendo croissant, bolinhas de queijo e bolo red velvet, assistindo as nossas séries preferidas deitados no sofá pois os dois estavam exaustos. Hoje, um dia depois, minha saúde veio cobrar a conta do exagero de ontem. Acordei meio-dia com dores pelo corpo, sinusite, dor de cabeça e ainda muito rouca. Descansei mais um pouco à tarde, mas me sinto fraca. Minha mãe, claro, deu um jeito de "controlar a minha vida" (dramas) e inventou de convidar meus sogros para a casa de praia neste feriado, nos "obrigando" a comparecer - "vou chamar seus sogros, você vai, não é, minha filha?!". Estou doente ainda, mas amanhã estarei lá, alimentando minha sinusite com o mormaço da praia. Trinta e dois anos e eu ainda não consegui controlar minha própria vida.

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