Tem gente que adora contar a vida inteira para estranhos. Não consigo fazer isso e acho estranho quando alguém vem conversar comigo do nada. Sou uma pessoa muito paciente, posso explicar coisas mil vezes sem me chatear, consigo passar horas só ouvindo e sem falar. Porém, não sei me esquivar, arrumar uma desculpa rapidamente e fugir do louco conversador. Preciso ficar horas ouvindo, sorrindo, concordando, até aparecer um plano infalível na minha mente.

Hoje veio uma senhora conversar comigo no meio de uma aula vaga. Eu estava aproveitando para terminar um trabalho, mas a criatura não teve compaixão - essas pessoas podem ser bastante egoístas. Apesar de falar sem parar e, aparentemente, não ligar a mínima para minha opinião - sim, cometi o erro de responder, aí foi quando ela se espalhou -, a mulher parecia se importar que eu sorrisse e achasse bom ouvir aquelas histórias. Não, minha senhora, não acho bom e tenho o que fazer, mas não podia dizer isso a ela, sou assim, minha natureza não permite dar fora em pessoas, mesmo que aleatórias.

Finalmente, após ficar sabendo da filha que fez vestibular, da briga dela com a outra filha - não entendi direito se era a mesma ou outra -, do marido nem aí para o namorado da filha, de quando ela fez o enem e errou o horário da prova, e assim por diante, consegui me esquivar. Chegou perto (20 minutos antes, mas enfim, desespero) do horário da minha aula e disse que precisava sair para outra sala. A ingrata deu um tchau mixuruca. Sério, ficou um vazio, acho que porque eu sabia tudo da vida dela, esperava um pouco mais de compaixão na hora da despedida. Um "obrigado por ouvir" cairia muito bem. Mas me contentaria com um "boa aula, moça simpática". Sei lá, o "tchau" cru me pareceu desumano.

4 Comentários

  1. As pessoas são absurdamente auto-centradas. É o que ocorre no umbigo delas e pronto. Nada de pensar por outra perspectiva. É um saco.

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  2. Cara, sou péssimo com essas situações. É que sou bem tímido e quando uma pessoa que eu nem conheço vem falar sobre algo que eu não sei (leia a vida dela) fico completamente perdido.

    Um terror. Devemos acabar com essa situação. Quem sabe pendurando uma plaquinha no pescoço "se não te conheço, não estou nem aí para a sua vida"?

    Beijo.

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  3. Ah, eu sou o contrário. Se quiser eu posso te ajudar e te dar umas aulinhas hihi. Eu não faço muito isso, mas sou muito boa em me esquivar e pensar numa solução pra me livar de uma situação ou problema.
    Não é tão difícil quanto parece.
    Beijinhos.

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  4. Parece que tem algumas pessoas que são imãs pra esse tipo de gente que quer fazer um monólogo sobre a própria vida. Eu sou uma delas, e nunca sei direito como agir. Sempre acabo sentando do lado de alguém assim nos ônibus que pego. É um saco mesmo!

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