Marcela sempre foi apegada aos avós. Na verdade, não eram seus avós verdadeiros, eles criaram a mãe dela quando veio estudar na cidade grande. Quando Marcela tinha apenas 6 anos, seu avô morreu. Ele fumava muito e a menina viva pedindo para ele parar, mas vício não é algo fácil e ela ainda não compreendia isto.

Sua avó ficou muito triste e ela percebeu. As duas passaram a dar forças uma para a outra. Marcela se oferecia para dormir na casa da avó quase todos os dias, até tinha sua camisola e travesseiro separados. Quando a mãe perguntava se ela não queria ficar em casa, ela dizia "Minha vó precisa de mim, ela não pode ficar sozinha". Ainda era uma criança, mas, como todas elas são assim, inocentes e puras, ninguém proibia.

Também passavam tardes passeando no shopping, ou caminhavam até uma lanchonete próxima à casa da avó. Tomavam sorvete juntas, faziam lanches, compravam roupas. Com tantas programações e apoio, foram, aos poucos, preenchendo o vazio que o avô deixara.

Hoje, quase 20 anos depois, as duas ainda saem juntas para passear e se lembram dos momentos que passaram. Marcela ainda dorme com o ursinho que ganhou numa dessas tardes e sempre conversa com ele dentro da sua cabeça. Era ele quem dava forças à menina para ajudar sua avó, sem deixá-la perceber a tristeza pela perda do vovô.

03/30

3 Comentários

  1. Como tenho saudade de meus avós! Em especial de minha avó materna. Terna, protetora, meu anjo.

    Lindo texto, flor.

    Beijo.

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  2. Eu só conheço a minha avó paterna. Todos os outros já estavam mortos antes do meu nascimento. Minha mãe disse que eu amaria a mãe dela...

    Por que você não escreve um livro infantil?

    Beijo.

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  3. As crianças podem ser muito fortes, às vezes mais do que os adultos!

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